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Em Lábrea, povo Apurinã mantém a floresta em pé em meio ao desmatamento 

Publicado em: 01/08/2022

Cacique Marcelino Apurinã é um dos guardiões da floresta em Lábrea. Foto: Adriano Gambarini/Opan – Raízes do Purus

A Terra Indígena Caititu, território do povo Apurinã, estoca e absorve carbono da atmosfera em Lábrea, cidade do sul do Amazonas, que é a 4ª no ranking de cidades brasileiras que mais emitem gases de efeito estufa. Próxima ao centro do município, e cercada pelo desmatamento, a área de 308 mil hectares é conservada por meio de iniciativas protagonizadas pelo povo indígena, como a implementação de Sistemas Agroflorestais (SAFs), atividade apoiada pelo projeto Raízes do Purus, realizado pela Operação Amazônia Nativa (Opan), organização membro do Observatório BR-319. 

Hoje, os Apurinã estão reflorestando uma área equivalente a 13 campos de futebol com SAFs, modalidade de plantio agroecológico que produz alimentos sem desmatar ou usar agrotóxicos. Já são 26 unidades do sistema cultivadas em 20 aldeias. Até 2024, eles devem manejar 18 hectares de SAFs, contribuindo para a remoção de 4.366 toneladas de carbono e outros gases de efeito estufa anualmente. 

“Os SAFs são estratégicos na mitigação das mudanças climáticas, porque potencializam muito a capacidade do solo através da vida microbiana, que retém gases, evitando que subam para a atmosfera e provoquem o aquecimento do ambiente” explica Sebastião Pinheiro, referência nacional da Agroecologia, que assessorou a implementação dos primeiros SAFs na TI Caititu, em 2014. “A diferença de temperatura dentro dos SAFs e em área aberta é de pelo menos 10° Celsius. As frutas atraem, também, animais, pássaros, formigas e insetos, que são importantes para a conservação do ecossistema”, explica Antonio de Miranda Neto, indigenista da Opan. 

O excedente de produção dos SAFs é comercializado em Lábrea, gerando renda sustentável para os indígenas. O urucum, por exemplo, é usado pela família do cacique Marcelino Apurinã para produzir um colorau que é referência de qualidade na região. 

Sobre o Raízes do Purus  

O projeto Raízes do Purus é uma iniciativa da Opan, com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Ambiental, e do Governo Federal, que visa contribuir para a conservação da biodiversidade no sudoeste e sul do Amazonas, fortalecendo iniciativas de gestão e o uso sustentável dos recursos naturais das terras indígenas Jarawara/Jamamadi/Kanamanti, Caititu, Paumari do Lago Manissuã, Paumari do Lago Paricá, Paumari do Cuniuá e Banawa, na bacia do rio Purus, e Deni e Kanamari, no rio Juruá. 

Texto adaptado de matéria gentilmente cedida pela jornalista Marina Rabello e originalmente publicada no site do projeto.

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